O cartaz das festas de Santo Antão, São Silvestre e São Sebastião de 2011
A tradição já não é o que era, mas a festa de Santo Antão, S. Silvestre e S. Sebastião, que se realiza no próximo mês de Junho, no lindo outeiro do Lugar de Santo Antão, donde a vista se espraia numa paisagem de montanha e verde ao longo do Vale do Lima, de Ponte a Viana, a primeira que decorre em Lanheses depois da celebração pascal do Oriente bizantino (da Páscoa à Ascensão quarenta dias vão, na dizer popular), continua a resistir à erosão das antigas tradições e costumes que se vão diluindo na voracidade alucinante do tempo que vivemos, do telemóvel e do aborto, da abundância e da fome, da solidão e das guerras, ainda assim da partilha, da esperança e do amor, graças a um grupo de jovens inconformados e bairristas que assumiram corajosamente a missão de a manter viva e renovada.
Do programa que abaixo divulgámos sucintamente, não consta qualquer referência à benção dos animais domésticos que constituía, no passado, o principal atractivo e motivo dos festejos, e que consistia na evocação do orago protector daqueles auxiliares das famílias de lavradores, no decorrer da missa celebrada na capelinha onde mora o Santo, para cuja cerimónia eram preparados pelos donos vindos de muitas partes, com enfeites de coroas de flores e folhas de ramos verdes, escovados e limpos e de chifres a brilhar untados de azeite, conduzidos por moças de traje regional vestidas. Gado bovino, caprino e equino, principalmente, era concentrado no adro envolvente do local onde, no decorrer do acto religioso, um orador sacro proferia um sermão laudatório e de prece a Santo Antão, findo o qual era dada a benção às manadas ali constituídas.
Este ano, lê-se no cartaz divulgado, que:
No dia 2, quinta-feira, pelas 19,30 horas, será celebrada missa na Igreja Paroquial;
No dia 3, pelas 16 horas, estará pronto o tradicional e apreciado "sarapatel", um prato muito apreciado feito dos miúdos do cabrito, para ser servido num ambiente genuinamente rural; às 20 horas, a partir da Igreja e num percurso de cerca de 1 000 metros, decorrerá uma Procissão de Velas, com acompanhamento a cargo da Banda Musical de Estorãos, que, depois, se encarregará da animação musical do arraial até às 2 horas da madrugada. Antes, quando soarem as 24 horas, o céu encher-se-à de luz e cor com o lançamento de fogo de artifício.
Já no sábado, dia 4, chegadas as 17 horas, a "tasquinha" improvisada estará repleta de conhecedores e apreciadores do famosíssimo "cabrito à moda de Santo Antão", uma legenda histórica herdada do "gosto e sabor" (e saber) da Tia Nina, que o cozinhava divinamente. De salivar irresistivelmente, meus caros. Quem me ler e já o tenha provado, sabe bem do que estou a falar...Mais tarde, a partir das 22 horas, entra e malta da "pesada" com o conjunto vianense "COSTA RICA", e até às 2 da madrugada ninguém vai ter sono. Os mais dorminhocos e que não queiram dançar, às 24 horas e vêem o fogo de artifício e voltam no dia seguinte, dia 5, domingo, para integrarem a interessante e tradicional procissão que, pelas 15 horas e 30 minutos se constitui a partir da Igreja Paroquial, seguindo a rua da Estrada da Igreja, passa pelo Lugar da Corredoura e termina no recinto da festa.
Com um Bazar de Oferendas cuja receita, vejam bem, se destina a custear as OBRAS EM CURSO DO CENTRO DE DIA, terminarão os festejos de 2011.
Parabéns a esta juventude que se disponibiliza generosamente para sustentar um legado do património cultural da freguesia de Lanheses.
O andor de Santo Antão, nos festejos de 2008, a recolher à sua Capelinha de Santo Antão.
2 comments:
Santo Antão, que viveu no século III, foi sempre considerado entre nós como o "protector dos animais". Os tempos mudaram, e o culto a Santo Antão, já não tem a importância que tinha outrora. Mas mesmo assim, e como em Lanheses temos uma capelinha no lugar que tem o nome do Santo, a festa aí está mais uma vez. E que lindo é o sítio. Ali onde o calvário termina, e cuja via sacra ainda se faz todos os anos, lá está a capelinha, linda, de linhas simples, e rodeada de uma magnifica paisagem. Quando era criança ajudava a minha mãe a trazer as vacas até Santo Antão, onde se cumpria o ritual de dar algumas voltas à capelinha. Ainda hoje, e apesar de já ninguém levar lá animais, no fim da porcissão o sacerdote faz o ritual da "benção dos animais".
Festa tão bonita não pode acabar. Mesmo que tenhamos de prescindir dos caros conjuntos (há crise), salvemos a parte religiosa, que é aquela que os Lanhesenses teriam mais pena que acabasse (sem falar no cabrito e sarapatel, claro). Aos bravos festeiros, deixo aqui os meus parabéns pelo seu trabalho.
Amaro Rocha
8/Maio/2011
É de louvar, como diz o amigo Amaro, os jovens festeiros, um grupo de amigos que salvou uma festa quase, digamos, defunta! Um bem haja, para eles e para a simples, mas muito bonita, Festa de Sto Antão!
Post a Comment