O ALMOCREVE
Esta não é a imagem do almocreve que pretendia divulgar e descrevo no texto, mas não consegui melhor nas buscas que fiz na internete. As personagens desta fotografia identificam-se mais com os almocreves da Idade Média pelas vestes e calçado, mas, à falta de melhor ajudará a formar alguma ideia da figura evocada.
O ALMOCREVE
Ao tempo em que ele andava por aí, ninguém o conhecia por almocreve mas por azeiteiro. -Mãe, vem aí o azeiteiro, gritávamos quando, ainda longe, ouvíamos o som da corneta com que ele ia avisando os fregueses da sua chegada.
O almocreve que conheci identificava-se com a personagem rural que atravessou a Idade Média até chegar aos nossos dias e desaparecer nos fins da primeira metade do século XX, excluindo a indumentária. Este que eu recordo tinha estatura média e volume bem nutrido, a face redonda lisa a pintar de vermelho e a brilhar como se tivesse sido untada com azeite. Vestia uma samarra larga de cor castanha, calçava botas caneladas até perto da rótula do joelho e usava boné da mesma cor de pala curta e preta.
Ao tiracolo, trazia colocada a típica bolsa de couro onde guardava o dinheiro e moedas para os trocos, com nódoas evidentes do uso que lhe era dado.
O almocreve-azeiteiro era inseparável de uma mula para transportar a mercadoria que vendia, de aldeia em aldeia, porta a porta. O objecto do negócio era o azeite, que transportava em duas grandes bilhas metálicas colocadas sobre a cela do animal, e o petróleo para as candeias. Podia transacionar outros bens esporadicamente como sabão rosa em barra, a pedido de algum freguês em particular. Trazia novas da cidade e falava de coisas diferentes enquanto atendia os pedidos dos compradores, que, ao seu redor esperavam vez para serem atendidos.
De medida de litro numa mão e segurando com a outra o funil enfiado no gargalo da garrafa ou almotolia enchia das vasilhas que trazia em cima da mula as garrafas dos fregueses.
Perdi o seu nome mas não o local donde vinha e onde morava. Ainda hoje existe a casa onde tinha uma loja de venda, não sei se de outras mercadorias para além do azeite e do petróleo, porque nunca lá entrei. Fica em Portuzelo, rente à estrada, à entrada da ponte do açude do lado esquerdo no sentido de Viana. Não era de cor creme como agora, porém, mantém-se a traça de outrora.
A geração das grandes superfícies, do carrinho de compras, da coca-cola e do pacote das batatas fritas, dos telemóveis e dos computadores, do tudo pronto já, nem consegue imaginar que, há pouco mais de seis décadas, algumas das necessidades básicas dos seus avós eram satisfeitas assim. -Almocreve? Não sei o que é essa "cena", diriam.
Passou o tempo e o mundo mudou. Já não há espaço para almocreves nem quem se interesse por preservar e valorizar o passado do povo simples que deixámos de ser.
5 comments:
Belo comentario amigo Remigio, eu tambem me lembro do faomoso "Azeiteiro" um braco.
Manuel Horacio Lima De Jesus
Senhor Remigio fiquei agradado com a história do almocreve!!!
Almocreve é uma palavra de origem árabe, sendo que os árabes ficaram conhecidos na peninsula ibérica por mouros, aquando da sua expulsão.
Actualmente Portugal está cheio de "mouros", sobretudo a sul do Rio Douro... e no próximo domingo a sua "turba azul" vai invadir o território-sede deles...
Abraço
Agora nos "os spotinguistas" andamos de braco-dado" com os portistas. Pois bem, ninguem nos vai seguarar..tanto a uns como a outros! O que eu espero e que esta brilhante ideia venha a continuar. Nao sei bem como serao as camisolas no futuro..(nao sei combinar cores) Talvez aqui o meu Amigo Remigio possa dar uma ajuda..
Um Abraco de Manuel Horacio Lima De Jesus
so que espero quevao ter azar penço eu de que
Mais azar!? Contamos com a juda do melhor derigente desportivo de todos os tempos! Entao nao nos ira dar algumas "dicas" para chegar, pelo menos. a um lugar mais honroso? Os melhores tem mais valor, quando a luta e com os mais fortes...nao com os fracos...
Manuel Horacio Lima De Jesus
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