Decorreu ontem à noite na sala da biblioteca da sede da Junta de Freguesia, a II Tertúlia organizada pelo executivo presidido por Ezequiel Vale, tendo desta vez como tema de fundo o Rio Lima. A primeira destas inéditas iniciativas decorreu no passado mês de Abril e foi integralmente dedicada à apresentação do livro "Lanheses a Preto e Branco", obtendo então um interesse e brilho verdadeiramente surpreendentes.
A antiga sala de aulas da escola primária agora adaptada a Biblioteca e exposição de fotografias a preto e branco que retratam instantâneos da vida quotidiana dos lanhesences desde há cerca de um século a esta parte, condiciona a participação de tertulianos dada a sua relativa pequena dimensão, limitando a cerca de trinta e cinco as inscrições prévias e garantidas por ordem de chegada aos serviços.
A animação musical esteve a cargo do duo Ana e Paulo Pinto, na voz e ao piano, respectivamente, que também tinha actuado na I Tertúlia, apresentando um variado e cuidado reportório de canções e músicas que foram e ainda são êxitos assinaláveis de impacto nacional e mundial alguns deles, justamente aplaudidos e participados por todos os presentes.
A Poesia está associada indelevelmente à natureza do Lima, à mansidão da sua corrente e ao bucolismo das suas margens e de todo o vale que lhe serve de leito, tendo inspirado poetas e prosadores que se deixaram apaixonar pelos seus irresistíveis encantos. Um deles foi Teófilo Carneiro, de quem Rosa Castro recuperou e leu um poema para lançamento do tema e das intervenções. Ezequiel Vale, que se incumbiu de apresentar e coordenar todo os programa previsto, trouxe a colação o estudioso etnógrafo, autor e poeta torreense Carlindo Vieira, lendo um dos poemas sobre o rio e os barcos do Lima.
Manuel Paraíso apresentou-se a seguir com uma cuidada e minuciosa preparação do tema em debate e, num estilo arrebatado e empolgante, inundou a sala de uma bela prosa poética onde realçava os encantos paradisíacos do vale do rio e das serranias que o envolvem, de "uma beleza que não de pinta", disse, citando ainda Teófilo Carneiro. Fátima Agra, falou de Diogo Bernardes e, de uma publicação de Couto Viana, o escritor vianense recentemente desaparecido, enalteceu António Ferreira, poeta limiano não muito conhecido mas com valor reconhecido. Rosa Maria Franco, encerraria com a leitura de um poema a primeira parte da sessão.
Depois do brinde proposto pelo presidente da Junta, foi a vez de Sérgio Moreira, gestor do blogue Something Special do Vale da Serra d'Arga, ler o primeiro dos seus poemas originais a que deu o nome de "Sentado à Beira do Rio Lima", onde espelhou todo o seu carinho pelo local onde passa muito dos seus momentos de lazer e recupera do afã do trabalho.
A Tia Áurea (fez questão de assim ser tratada) inaugurou as intervenções sobre histórias reais e vivências pessoais nos contactos com o rio, falando do tratamento do linho e do barqueiro Coutinho, personagem incontornável para algumas das presentes que o chamaram muitas vezes para as transportar entre as margens a fim de se abastecerem do soro (extraído do leite) que servia de alimento para os porcos. Judite Pinto, corroborou os trabalhos necessários para tratar o linho e o processo da sua submersão. José Azevedo pegou na deixa e vá de contar a história do porquinho que vinha no barco comprado na feira de Ponte de Lima e caiu à água em virtude do barco ter ficado preso num banco de areia de repente, tendo-se lançada vestido para salvar o bacorinho. A cantora Ana fez questão, a seguir, de declamar Carlindo Vieira, e, de novo, Paraíso mostrou os seus dotes e disponibilidade para intervir declamando novos versos a propósito.
Caninhas (Manuel João), estava presente como se impunha e instado a falar do rio o criador do água-arriba, no seu jeito simples e pausado, não se fez rogado. Disse da riqueza do seu pescado na qualidade e do custo de algumas espécies que ultrapassa os mil euros, dos salmões de 4,5,8, e, até, 10 quilogramas que ali são pescados e alcançam os 250 € o quilo, dos meixões que aqui se conhecem por "meijões" ou "caçafios", espécie cuja recolha não é permitida no Lima mas é no Minho (não sei porquê, estranha), das lampreias, trutas salmonadas, solhas, barbos e taínhas, e outros. Aludiu, também, à construção do água-arriba, deu explicações sobre o nome das estruturas que o formam e da disponibilidade em levar a cabo um novo projecto em colaboração com a Junta, o qual, para já não quis revelar.
O sarau prosseguiu com o Sérgio lendo uma composição sua ali escrita, seguindo uma história do Doro que tomou banho com as cuecas do pai, da Cecília a recordar história que metia bruxas e caçadores delas com espingarda e tudo, do Artur Gomes a recordar a fantástica aventura do Zé do Rego, figura típica de Lanheses, que esteve dois dias no meio de uma cheia de lés-a-lés agarrado um cepo de amieiro e a quem ouviu os pedidos de socorro, indo o Lambranca (João Rocha) salvá-lo de barquinha.O Augusto Franco, relatando dois episódios caricatos, o Hélio a ler uma composição feita em trabalho de grupo da mesa onde estava e, por último, Amaro Rocha, a intervir para recordar a construção do água-arriba e a festa do lançamento nas águas do Lima.
No encerramento da Tertúlia ouviram-se cânticos tradicionais de Lanheses entoados pelos presentes, com realce para a Carma da Formiga que sempre o faz com muita alma e (ainda) bonita voz, e, num coro final acompanhando a magnífica voz e execução no piano do duo convidado, Ana e Paulo Pinto, a célebre canção que Amália Rodrigues celebrizou "Havemos de ir a Viana", com versos do poeta Pedro Homem de melo.
A Tertúlia não constou apenas de música, poesia e histórias. No decorrer das suas mais de quatro horas e meia de duração, houve oportunidade para se estabelecerem conversas informais sobre assuntos que interessam à freguesia, sobre ambiente e projectos em vias de concretização, como a requalificação da margem já com estudo aprovado. Também se ficou a saber que a sonorização do anfiteatro actualmente em construção será efectuada, sem quaisquer custos, pelos mesmos técnicos da Casa da Música, do Porto.
No decorrer da sessão foram servidas viandas de várias espécies e sabores acompanhadas por verde branco e tinto da região, confeccionadas por funcionários da junta e colaboradoras voluntárias, existindo além disso uma sobremesa variada de doces regionais de fabrico particular a cargo de famílias ali presentes e dos próprios trabalhadores.
Com a chegada de Ezequiel Vale ao executivo da Junta da Freguesia, Lanheses rompeu com uma gestão tradicional de administração local de muitos anos e iniciou um ciclo marcado pelo empreendedorismo e inovação até então pouco ou nada valorizados. Estes anos de gerência dos interesses autárquicos da freguesia de Lanheses, são verdadeiramente frenéticos por acção do professor de educação física e docente da Escola de Santa Maria Maior, o lanhesence Ezequiel Vale, que sabe o que quer, faz e manda fazer, concebe e gere, fala e é ouvido.
Uma "equipa" sete estrelas (só mesmo nas Arábias...)
Plano de requalificação da margem direita na Passagem
10 comments:
Reconheço o trabalho da Junta a nivel cultural,mas bater palmas,isso so depois da frequesia ter as infraestruturas indispensaveis em todos os lugares (como esgotos, por exemplo.) Estamos no séc.XXI e ainda ha pessoas a despejar as fossas no verao,durante a noite, por causa dos cheiros. Talvez os habitantes do Largo da Feira e arredores desconheçam esses pormenores...
Anónimo 20:29
Penso que não há ninguém em Lanheses que não desejasse ver satisfeitas todas as suas necessidades básicas. O saneamento é uma prioridade absoluta que deve ser extensivo a toda a freguesia. Foi preocupação de outros executivos como, tenha a certeza, é também deste. É assunto que todos os atentos lanhesences conhecem há muito, quer vivam no Largo Capitão Gaspar de Castro, na vizinhança ou no Lugar do Seixô...
Remígio Costa.
jà estava a estanhar nao haver criticas tem que haver sempre isatisfeitos que a gente que trbalha pour lanhezes siga em frente david pereira
Para o Sr.David Pereira:
O senhor acha que a frase : "reconheço o trabalho da junta..." é uma critica?
A seguir vem exposto um problema de saneamento basico, que nao é dos menores que existem na freguesia.Sabe o Senhor que muitas màquinas de lavar despejam a àgua, com detergentes e outros produtos,na natureza e nos regatos,contribuindo assim para a poluiçao dos mesmos e para o desaparecimento de certas espécies animais?
E existe uma ETAR...
Expor um problema e chamar a atençao para ele,serà uma critica? Para o Senhor parece que sim, mas desculpe que lhe diga, os seus comentarios deixam muito a desejar!
se nao lhe agrada ponha na beira do prato
Desta vez esqueceu-se de assinar! E critica os anonimos!
numa resposta a um estupido nao è preçiso assiar david pereira
Que inteligência limitada! Mas mete o nariz em tudo o que aparece no blogue! Pobreza de espirito, mais nada.
pensso que sei qem è o sr so lhe vou dizer que a minha intelegencia lhe garanto que è muito soperior à sua voulhe dar um coselho esqueça me david preira
Sim senhor, vou seguir os seus conselhos e no que diz respeito aos seus comentàrios, jà foram para o caixote do lixo. Respondi-lhe apenas porque me tratou de "estupido". Caso contràrio, nem teria perdido tempo com isso!
Fique também sabendo que nunca intervim (excepto nesta pàgina) sobre o que o "senhor" escreve...Portanto, boa sorte para o futuro!
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